Já faz muito tempo que as mulheres vêm lutando por seu espaço e direitos na sociedade, sendo que a inserção e equidade no mercado de trabalho é uma demanda em destaque.

Com as mudanças sociais, culturais e econômicas ocorridas no final do século XX, a população feminina se viu integrando aos poucos a força de trabalho mundial, tanto na indústria quanto na prestação de serviços.

E, embora haja indicadores que mostram a vantagem das mulheres sobre os homens no quesito escolaridade, a baixa ocupação de cargos de liderança e a disparidade salarial ainda contam outra história.

Quais os números para a população feminina no mercado de trabalho?

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em pesquisa divulgada em 2021 e dados coletados em 2019, as mulheres eram mais da metade da população brasileira. Em contrapartida, enquanto 73,7% dos homens com 15 anos ou mais compunham a força de trabalho brasileira, o número cai para 54,5% quando falamos das mulheres na mesma faixa etária.

Tendo em mente que a força de trabalho é composta por todas as pessoas empregadas ou à procura de emprego, essa diferença de 19 pontos percentuais merece atenção contínua. Se o assunto for desemprego, a porcentagem também é alarmante: entre a população desempregada, elas são 53,8%. Ou seja, enquanto o índice de ocupação dos homens é de 65%, o das mulheres é de apenas 46,2%.

O que as mulheres enfrentam no trabalho?

Os obstáculos não são poucos: após ingressar no mercado, desvalorização, assédio e jornada múltipla ainda fazem parte do dia a dia delas. Em 2019, a remuneração das profissionais femininas correspondeu a 77,7% do montante recebido pelos profissionais masculinos, o que fica ainda mais evidente em cargos de liderança, sendo que elas ocupam apenas 38% deles.

Quanto ao assédio, a percepção é geral: em pesquisa realizada em 2020 pelo Instituto Patrícia Galvão, 92% dos entrevistados reconhecem que as mulheres sofrem mais constrangimentos e assédio no ambiente de trabalho em comparação aos homens, sendo que 40% das mulheres alegam já trem sido xingadas ou ouvido gritos. Entre os homens, o percentual é de 13%, três vezes menor.

Qual o efeito da pandemia na participação feminina?

Com a pandemia de Covid-19, as disparidades foram intensificadas. A tímida melhora da participação das mulheres se retraiu com o trabalho remoto unindo as atividades domésticas e as profissionais, o que elevou o medo do desemprego e instaurou dúvidas maiores quanto à maternidade aos olhos do empregador. Mulheres com filhos, principalmente até 3 anos, tendem a ter menor ocupação que as que não têm: 54,6% contra 67,2%.

Todos esses dados acentuam que o mercado ainda não compreendeu que a alta competência feminina não é afetada por nenhum desses fatores. Mas, até quando?